As cem linguagens da Criança

A criança é feita
A
criança tem cem linguagens
Cem mãos cem pensamentos
Cem maneiras de pensar
De brincar e de falar
Cem sempre cem
Maneiras de ouvir
De surpreender de amar
Cem alegrias para cantar e perceber
Cem mundos para descobrir
Cem mundos para inventar
Cem mundos para sonhar.
A
criança tem
Cem linguagens
(e mais cem, cem, cem)
Mas roubam-lhe noventa e nove
Separam-lhe a cabeça do corpo
Dizem-lhe:
Para pensar sem mãos, para ouvir sem falar
Para compreender sem alegria
Para amar e para se admirar só no Natal e na Páscoa.
Dizem-lhe:
Para descobrir o mundo que já existe.
E de cem roubam-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe:
Que o jogo e o trabalho, a realidade e a fantasia
A ciência e a imaginação
O céu e a terra, a razão e o sonho
São coisas que não estão bem juntas
Ou seja, dizem-lhe que os cem não existem.
E a
criança por sua vez repete: os cem existem!

Loris Malaguzzi (1996)

Educar é Tudo!

Olá Pessoal,

Estou postando alguns slides construídos e apresentados ao longo do curso. Os slides podem ser vistos a seguir, caso vocês tenham algum em seus arquivos favor postar, Beijos a todas!!!

Apresentação slide Fundamentos e Didática da Matemática I

Apresentação Seminário Pesquisa e Prática Pedagógica IV

Apresentação Trabalho Estudos da Sociedade na Educação Infantil

Seminário Pesquisa e Prática Pedagógica I

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Deus Menino

Quem primeiro percebe são os poetas. Isso se deve ao fato de que os seus olhos são diferentes. Por isso eles vêem as coisas ao revés. Poesia são as coisas vistas ao contrário. Não é coisa de pensamento, é coisa da visão. Quando as pessoas, ao ouvir um poema, dizem que não entenderam e pedem explicações, é porque elas puseram o poema no lugar errado, no lugar onde moram os pensamentos. Mas um poema não é para ser pensado na cabeça. É para ser visto com os olhos.

Os poetas, por terem olhos diferentes, vêem também diferente. Vêem o mundo ao contrário. A verdade deles é o oposto à verdade dos adultos. Os adultos pensam assim: as crianças nada sabem, quem sabe são os adultos; por isso as crianças aprendem e os adultos ensinam; infância é ponto de partida; a condição adulta é o destino, ponto de chegada.

Os adultos querem andar para a frente. Progredir. Evoluir. Os poetas sabem que a alma não deseja ir para frente. A alma é movida pela saudade. A saudade não deseja ir para a frente. Ela deseja voltar.

Andar para frente pode ser um equívoco. Aforismo de Eliot: “Numa terra de fugitivos aquele que anda na direção contrária parece estar fugindo.“ Por vezes andar para frente é ficar cada vez mais longe. Os adultos andam para frente. Os poetas parecem andar para trás. Os adultos dizem que eles estão fugindo. Mas não. Como os salmões, que deixam o mar e voltam às nascentes de águas cristalinas onde nasceram, os poetas desejam voltar às suas origens. É lá que mora a verdade que os adultos esqueceram. Fogem da loucura da vida adulta. Buscam reencontrar a simplicidade da infância. Acho que é isso que Eliot queria dizer quando ele escreveu: “E, ao final de nossa longa exploração, chegaremos finalmente ao lugar de onde partimos e o conheceremos então pela primeira vez.“

“Meu Deus, me dá cinco anos, me dá a mão, me cura de ser grande...“ A Adélia Prado está doente. Doente de ser grande. Ser grande é estar doente. E doença precisa ser tratada. Se não for tratada vira loucura. Para se curar adultice é preciso tomar chá de infância, virar criança de novo...

Para isso bom é ler a poesia do Manoel de Barros. Manoel de Barros é uma criança. Quem lê o que ele escreve vira criança. Ele brinca com as palavras. “O que eu queria era fazer brinquedos com as palavras. Fazer coisas desúteis. Eu queria avançar para o começo. Chegar ao acriançamento das palavras.“

http://www.rubemalves.com.br/odeusmenino.htm

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