Educação, tecnologia e seus caminhos
Nos nossos tempos modernos, em que mudanças vertiginosas estão ocorrendo, mais importante que “aprender a aprender” é “aprender a desaprender”. Só que aprender a desaprender é bem mais difícil. Crenças, depois de estabelecidas, não podem mais ser apagadas, só enfraquecidas.
O mundo está se transformando, novas descobertas acontecem e a distância entre o presente e o futuro se torna cada vez menor.
É claro que a tecnologia não é responsável por toda a transformação cultural que ela impulsiona. A mudança tecnológica apenas cria novos espaços de possibilidades a serem, então, explorados – no caso das novas tecnologias da informática, seriam rede de computadores, processamento de linguagem, inteligência artificial, linguagens icônicas, hipertextos, multimídia... O educador precisa acompanhar a evolução tecnológica, para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra de forma eficaz.
Sabemos que para uma planta crescer temos que podá-la. E como “fazer isto” com o professor? E com o aluno?
Configura-se que, na escola moderna, aluno aprende com professor; professor aprende com aluno; aluno aprende com aluno (este tem ganhado grande espaço no contexto educacional, quando se trata de aprendizagem por projetos) e professor aprende com professor.
Os conteúdos e as aprendizagens são orientações expressas pela atual forma educativa, onde surge uma preocupação pela adequação à realidade inserida. A escola acorda e começa a trilhar um caminho entre a teoria e a prática e o ensino globalizado.
As dificuldades levam a escola a se “re” organizar, a aprofundar e adotar uma postura diante da questão. O ponto alvo está em o diretor ouvir os professores, os alunos, os funcionários e, juntos, montarem uma proposta metodológica, um plano de trabalho, enfim uma trajetória de vida para a escola.
Paulo Freire deixa claro em seu livro Pedagogia da autonomia que somente um método será capaz deste efeito: "a ação e o diálogo".
O diálogo é a base do método de Paulo Freire. Mas o que é o diálogo? É uma relação de comunicação de intercomunicação, que gera a crítica e a problematização, uma vez que é possível a ambos perguntarem "por quê?” “Dia” significa ultrapassar e “logo” significa razão. Diálogo no estudo da raiz da palavra se caracteriza por: ultrapassar para o lado da razão.
O diálogo nutre-se, portanto, da humildade, da simpatia, da esperança, da confiança dos que o realizam, passando sim para o lado da razão, onde o primeiro passo será a "ação".
O respeito mútuo implica na superação dos próprios pontos de vista e implica em compartilhar com o outro uma escala de valores e juntos definirem as metas a serem trabalhadas.
Jean Piaget, Paulo Freire, Humberto Maturana, autor de Uma nova concepção de aprendizagem (Ed. Dois pontos), e outros autores ressaltam que é só na cooperação que a superação da crise se efetiva. O homem isolado não chegaria jamais a conhecimento algum. O fenômeno do amor é que permite a transformação, pois é só vendo-se no outro que se tem coragem de promover a mudança ética. Piaget considera que, nas relações cooperativas, o respeito mútuo é uma exigência.
É preciso que o processo educativo não transmita certezas, que ele seja agradável e significativo, privilegie a expressão e a comunicação de todos os participantes, promova o encontro, a convivência e a cooperação.
Texto da pedagoga Divina Salvador Silva enviado ao Jornal Virtual. Ela é educadora, especialista em Tecnologias Aplicadas à Educação pela PUC/SP e especialista em EaD pelo SENAC/RJ.
divinass@gmail.com
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